domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tapajós - novos carnavais


Não lembro se chovia, quando num carnaval, no ano de 1999, aportei de mala e cuia nas terras de Carajás, na cidade de Marabá, irrigada pelo Tocantins, Itacaiunas e Araguaia.   Cheguei, como se diz, puxado pela cachorra, tão exuberante era a lisura, que se mantém.

A missão era colaborar no setor de comunicação com a entidade Cepasp (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular). Parada de maluco de históricos ativistas, na época tocado pelo piauiense, Raimundo Gomes da Cruz Neto. Cabra porreta.

Era recém formado. Nas terras dos Carajás, a vivência com o complexo mosaico de diversidade social, e os conflitos na luta pela terra, a ela atrelada, equipara-se a uma pós. Costumo declarar que foi outra faculdade, só que mais legal, uma escola sem paredes, que educa e liberta.   

Antes já havia circulado na quebrada, na nobre missão de entrevistador na avaliação da Rede Fórum Carajás. Era tempo de queimado. Trato de pasto. Calor pra burro. Percorri o Bico do Papagaio, baixadas do Pará, Maranhão e Tocantins.

Maldize o lugar por mais de uma vez, até retornar por inúmeras ocasiões, antes de cair na graça de um povo de república.

Gente de Belém, Mato Grosso, Marajó e Palestina do Pará compunham a casa. Gente pra caramba. Gente de coração medonho de bonito. Em todo o tempo, pelo menos uns três anos, nunca ocorreu uma rusga.

E até hoje existe contato com alguns. Eliana Viana, Marcos e Gilberto Leite e outros compas de instituições populares são chapas. Manos\as de copo e cruz.

Longe de casa, a república vira casa de mãe, e a gente pode até chorar, que alguém nota. Acode.  

Muitos carnavais se passaram. E neste, de 2016, aportei na margens de outros rios. Novos rumos. Outros desafios, novas quebradas.

Agora, o tempo é dos rios Tapajós e Amazonas. Na mala, alguns livros. O brio do olhar encontra-se renovado pelo novo horizonte, ainda que a pedra seja miudinha.

No dia em que cheguei, choveu por mais de 24 horas. Isso, nunca esquecerei.   

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