domingo, 27 de outubro de 2013

Ismael Machado - Jornalista paraense abocanha prêmios nacionais e regionais

Há 22 anos na estrada Machado venceu o Líbero Badaró e Vladmir Herzog, e concorre no Esso  e Abdias Nascimento

Há 22 anos Ismael Machado iniciou a carreira no Diário da Serra, jornal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em Belém passou pelos principais jornais, Província do Pará, O Liberal, e pelejou em assessorias. Já foi correspondente de O Globo e do glorioso JB. Entre os frilas constam as publicações Veja, Bravo e Caros Amigos. Também passou por TV em Rondônia e Cultura em Belém. Em 2013 abocanhou prêmios regionais e vários nacionais (Líbero Badaró e Vladmir Herzog), e é indicado entre os três concorrentes para outros, entre eles, Abdias Nascimento e Esso.  O novo livro aborda a ditadura na Amazônia, foi laureado com o Prêmio Euclides “Chembra” Bandeira, na categoria livro reportagem. Graduado em Turismo, com mestrado em literatura, Machado é repórter especial do jornal do senador Jader Barbalho, o Diário do Pará, que recentemente enfrentou uma greve histórica, e já iniciou a caça às bruxas com algumas demissões. Como os experimentados jornalistas, defende que o principal é sujar os sapatos na estrada. No terceiro casamento Machado é pai de dois filhos. O mais velho cursa jornalismo em Vitória, Espírito Santo. Nesta entrevista ele argumenta sobre o diploma de jornalismo e avalia os prêmios que tem recebido.      
Furo - Quem é Ismael Machado?
Ismael Machado - Nasci em Icoaraci. Comecei a trabalhar em 1991, em dezembro, um dia depois do meu aniversário, no jornal Diário da Serra, em Campo Grande (MS). Passei por todas as editorias possíveis lá, um grande aprendizado. Sou mestre em Literatura, com MBA em Comunicação e Semiótica e Bacharelado em Turismo, além de especialização em Metodologia da Comunicação e Aperfeiçoamento em Jornalismo.
Já trabalhei em jornais como O Alto Madeira (RO), Província do Pará (PA), O Liberal. Fui correspondente do Jornal do Brasil e de O Globo. Fui repórter de TV em Rondônia e na TV Cultura, em Belém. Fiz diversos trabalhos de assessoria de comunicação, e muitos frilas (Folha, Veja, Bravo, Caros Amigos etc).
Furo – Quais as principais influências?
IM - Influências são diversas. Nem tudo no campo do jornalismo. Ana Maria Bahiana, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Eliane Brum, Ricardo Kotscho, Lázaro Magalhães, Paulo Silber, o novo jornalismo etc, tudo são influências profissionais.
Furo -  O que é a Amazônia para o profissional Ismael?
IM - O melhor local para um profissional da reportagem estar.
Furo - Como você chegou ao O Globo?
IM - Durante o julgamento de Eldorado dos Carajás, cobri para o Liberal e para o Jornal do Brasil, concorrente do Globo. Dois anos depois, creio que o repórter Rodrigo Taves, enviado a Belém para cobrir o julgamento pelo Globo, deve ter me indicado ou sugerido o nome. Numa tarde recebi um telefonema me propondo fazer matérias para o jornal. Isso foi em 2001. Fiquei no Globo até 2007.
Furo - Líbero Badaró, Herzog (duas vezes), Esso, Abdias Nascimento, IAP, indicação para o da Fiepa, tudo numa lapada, o que significa para você esse reconhecimento?
IM - Esso e Abdias são indicações como finalista. Não sei se ganharei. Mas de qualquer forma estar entre os finalistas já é um baita resultado. A leitura que faço é que o trabalho desenvolvido está no caminho certo. A minha aposta é sempre no texto solto, livre de amarras, buscando a influência do Jornalismo Literário. E na tentativa de construção de boas histórias. Acho que isso tem obtido um retorno positivo. Nesse sentido me parece que estou conseguindo um amadurecimento textual interessante, conseguindo dizer exatamente o que planejei na apuração.
Furo - Machado já sabe o que fazer com esse capital simbólico?
IM - Não. De certa forma, em muitos aspectos não tenho muita noção da ‘ficha caída’, o que isso representa. No fundo também, o que se tem que ter é pé no chão. Não se achar melhor do que se é, nem pior do que podem achar.
Furo – Essa “bamburação” de prêmios é uma iniciativa pessoal ou da empresa?
IM - É uma iniciativa pessoal, no sentido de que, muitas vezes, a empresa nem sabe em quais prêmios inscrevi matérias. Mas ao mesmo tempo, não se pode esquecer que o resultado dessas premiações é conseqüência da abertura dada pelo Diário do Pará na ‘compra’, digamos assim, das ideias de pauta. Todos sabemos que fazer reportagens na Amazônia não é nada fácil. Custa caro, é complicado. O Diário abraça essas ideias, compra a briga. E depois, tem ousadia suficiente para fazer páginas diferenciadas, de ampliar as reportagens em séries, de usar espaços amplos. Em resumo: se o processo inicial é quase solitário (pensar as pautas, produzi-las e apurar) o que vem depois é um trabalho bem feito de diagramação e de edição. Nesse ponto, por exemplo, a interação com os fotógrafos é total e o trabalho de editores como Lázaro Magalhães, a edição de fotografia, o trabalho do ‘artista’ (gosto de chamá-lo assim) Alvarenga, na arte, enfim, tudo o que vem depois da matéria escrita, é um alicerce precioso para que haja interação total no produto final. O Diário possibilita experimentações, ousadias gráficas, grandes reportagens. E isso é uma postura editorial, vale ressaltar. Todos os repórteres têm essa abertura, essa possibilidade de arriscar voos maiores em termos de reportagem.
Furo– O livro reportagem do Prêmio IAP agrupa que matérias?
IM - Na verdade é uma releitura única de tudo o que armazenei a respeito do período da ditadura militar no Pará. Peguei todas as reportagens feitas nesse sentido até aqui e fiz uma costura, transformando tudo numa grande reportagem.
Furo – Quanto ao diploma para exercer a profissão, você tem uma opinião formada?
IM - Eu não concluí o curso de Jornalismo. Pergunte ao Collor o motivo (heheheh), portanto sou plenamente a favor da formação aberta, ampla. E do talento e vocação. Na verdade, com exceção das formações mais especificas, como medicina, engenharias etc, penso que o mundo de hoje não pode mais ser estanque. Vejo isso na academia, esse engessamento, essa limitação de possibilidades. Os historiadores rejeitam jornalistas fazendo o trabalho de historiadores, os jornalistas não querem que formados em Letras exerçam a função. Não gosto muito desse universo fechado. Quando fui fazer o meu primeiro teste numa redação, havia abandonado no último ano o curso de Psicologia. Numa entrevista de emprego a responsável pelo teste disse que eu estava no lugar errado e me indicou para um amigo, editor de Economia do Diário da Serra. Fiz o teste junto com uma recém-formada em Jornalismo. Ele me disse depois que minha materinha havia sido muito superior a dela. Sei que quando entrei a primeira vez numa redação, descobri ser ali o meu lugar. E aqui estou até hoje

1 comentários:

Maria Moara disse...

Rogério almeida neste texto faz um mergulho em águas barrentas e consegue mostrar aspectos da situação socioeconômica de Cachoeira do arari imbricadas com a alegria e vontade de viver e de redesenhar seus destinos das gentes que habitam este território das águas.
Parabéns...