domingo, 27 de janeiro de 2013

Pequena memória sobre o trecho


Cor cinza. Automática ponto 45 no cós. O negro de meia idade exibe a arma para o colega também policial num boteco desprovido de atrativos na Cidade Velha, no município de Marabá.
Nestes dias o rio Tocantins expulsa as pessoas das casas das baixadas.

Risonhos, os policiais da PM tramelavam feitos e desfeitos. O sol era escaldante e exigia mais cerveja. A conversa não cessava. “Fui da Vale. Um dia passei no concurso da PM e deixei a empresa. Maior burrice que fiz”, avaliou o PM da pistola.
 

Meu caro, ainda cheguei a receber várias cartas da empresa sugerindo que voltasse, optei pela estabilidade. E estou aqui fudido”, fala em tom melancólico o PM prestes a aposentar. Conforme ele, tudo na vida piorou ainda por conta de ter participado da chacina de Eldorado dos Carajás.  Foram mais de 10 anos sem promoção.   

O amigo dele não exibe arma nenhuma. Apenas reclama o fato de estar na burocracia por conta de ter executado uma pessoa em Piçarra. Não tarda chega mais um PM. Todos estão de folga. O derradeiro tem patente, é subtenente.

Assim como alguns garimpeiros contam vantagens disso e daquilo. Falam com orgulho dos abusos cometidos. As chantagens protagonizadas, dos espancamentos e das mulheres. A infidelidade é festejada como se fosse uma medalha por grande feito alcançado.

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