terça-feira, 18 de outubro de 2011

Violência no Campo- Caso Brasília: após quase uma década, execução de dirigente vai a julgamento

No dia de 20 outubro, em Belém, a partir das 8h  vão a julgamento os réus Alexandre Trevisan (Maneco) e Marcio Sartor (Marcio Cascavel) acusados da morte do dirigente sindical e do PT de Altamira Bartolomeu Morais da Silva (o Brasília). O militante tinha 47 anos  quando foi morto com 21 tiros após sessão de tortura, numa comunidade batizada de Castelo dos Sonhos, região de Altamira, sudoeste do Pará.

A execução ocorreu no dia 21 de julho de 2002.  No primeiro julgamento em 2009 os réus foram absolvidos. O processo segue o mesmo diapasão de outras execuções de dirigentes, a morosidade da justiça. É o segundo julgamento do caso. O dirigente denunciava o processo de grilagem de terras, desmatamento e corrupção em órgãos públicos. O Pernambucano de Serra Talhada ajudou a organizar a delegacia sindical no distrito de Castelo dos Sonhos.  

Conforme relatório do movimento de Direitos Humanos, Castelo dos Sonhos é um distrito de Altamira, fica localizado às margens do rio Curuá (principal afluente do Rio Iriri, na Bacia do Xingu), a 153km ao sul do município de Novo Progresso, no chamado Vale do Jamanxim. Típica região de fronteira, concentrando cerca de 12 mil habitantes, Castelo dos Sonhos vive uma situação de total isolamento já que pertence ao município de Altamira, cuja sede municipal situa-se a 1100km de distância.

A região de fronteira integra a área da BR 163, a Cuiabá-Santarém, perímetro que passou a abrigar a violência contra camponeses, antes concentrada a sul e sudeste do Pará. A BR 163 é um dos eixos de integração do governo federal para a Amazônia do Pará e Mato Grosso, onde se pretende erguer a hidrelétrica de Belo Monte.

A região é conhecida por abrigar a derradeira reserva de mogno, madeira de grande valor comercial. E palco de agudas disputas e grilagens de terra. Foi lá que Cecílio do Rego Almeida, empreiteiro falecido em 2008 realizou a maior grilagem de terras da Amazônia, mais de cinco milhões de hectares. A operação foi protagonizada pela empresa Incenxil, que integra o grupo CR Almeida, radicado em Curitiba, que fez fortuna nos anos da ditadura. Almeida era natural do Pará.    

A  violência contra camponeses e seus apoiadores e assessores deu o primeiro sinal na região com a morte de sindicalista Ademir Federecci (o Dema), 36 anos, executado na região de Altamira, em 2001, quando denunciava o processo de exploração ilegal de madeira, a corrupção nos processos de financiamento da extinta Sudam e grilagens de terras.

Já em 2003 uma chacina envolvendo seis trabalhadores rurais e um médio produtor denuncia o deslocamento do morticínio do sul e sudeste do Pará rumo a sudoeste do estado. E em seguida , 2005,  ocorre a morte da missionária Dorothy Stang.

Mais informações
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH)
Erika Morhy
(91) 9991-0104

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