sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Batuques da infância



Perto de casa tem um terreiro. Sempre que há foguetório calculo que é dia de festa. Parece que hoje é dia de Santa Bárbara. O vento faz chegar o rufar dos tambores na casa em que passo algumas horas. Fica na fronteira de Belém com Ananindeua.

Os tambores do terreiro assanham as lembranças da cidade de São Luís. Os sons dos terreiros dos bairros da Camboa e Liberdade. Uma terra de preto. Inundada de sotaques de bumbas, tambor de crioula e blocos de carnaval. Além do ruído dos motores das embarcações.



Um cortejo cortou a rua onde fica a casa em que passo algumas horas. Todas as pessoas trajam branco. Desço e puxo prosa. Um caminhante informa do que se trata. Uma camionete carrega uma imagem. Alguém explica que é Santa Bárbara. Quero saber onde fica o centro. Após o jantar dei um pulo no espaço.

A área é grande. Ajeitada para o ritual. Parece que aglutina várias moradas. Um par de vira-latas descansa. A mesa é farta de comida. Jovens batucam para o entôo dos cantos. O mar de São Luís não parece tão distante. A casa é de mina. Assim explica o ente da mesma.

Não tenho a compreensão do assunto. Apenas fico encantado com a ancestralidade. Ali. Vizinha. Pertinho. E tão longe. Um mar que não tenho braçadas para vencer.
Fotos - M Quino

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