sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Marina Silva- meio ambiente é uma sinfonia. E não samba de uma nota só


Uma mulher negra. Parida no robusto colo de pobreza da Amazônia. Dona de visibilidade e reconhecimento internacional em debates sobre meio ambiente e Amazônia, Marina Silva, candidata do PV a presidência da República, acaba de conceder entrevista a rádio CBN/RJ.

A ex-militante do PT esclarece que não é candidata de uma única temática, a ambiental. E ao contrário dos que tentam desqualificar a sua candidatura, o assunto meio ambiente não é samba de uma nota só, e sim uma sinfonia.

Além de meio ambiente, Marina falou por uma hora de cotas, política internacional, aborto e discriminalização da maconha.

Meio ambiente não é um samba de uma nota só. Meio ambiente é uma sinfonia que integra, qualidade técnica, ética, nova forma de produção e respeito à legislação trabalhista. Uma mudança nos aspectos da vida.

Marina reconhece os avanços das políticas sociais do governo Lula. Sobre jovens. A militante afirma que deseja ser uma mantenedora de utopia. Significa esforço em ações. Tive ótimas pessoas que animaram isso em nossa busca pela democracia, como a professora Marilena Chauí, Paulo Freire, FHC, entre outros. A juventude se mobiliza e os idosos também. Tenho recebido muitos emeios dos segmentos, declarou a senadora a Lúcia Hipólito.

Sobre os recursos de campanha a senadora tem a compreensão do limite da legenda. Sabemos que somos pequenos. Mas, queremos fazer algo transparente. A nossa aplicação não chegará perto das candidaturas consideradas grandes. O PV tem discutido um sistema de transparência. Queremos usar o exemplo do Obama, onde muitos foram os colaboradores, disparou Marina interrogada sobre a captação de recursos.

Sobre o vice de chapa Marina informa que o PV deseja combinar os variados interesses políticos e de classes. Buscamos uma representação do setor empresarial. Conseguimos a filiação do Guilherme Leal, presidente da Natura. A nossa candidatura quer promover o realinhamento ético e não como Lula, que acabou refém do PMDB, filosofou a senadora.

Interrogada por Hipólito sobre as negociações de uma frente, Marina esclareceu que a candidatura é transpartidária. E que busca fazer uma aliança com a sociedade latente: jovens, intelectuais, empresários.....A sociedade pode mudar na perspectiva da transformação

O ponto delicado na entrevista foi a respeito da relação com a candidata do PT, Dilma. Marina Silva saiu-se bem, defendendo que da candidatura é fazer o debate. Temos divergências. Cada uma tem uma posição. Quando notei que não tinha mais espaço, resolvi sair. A nossa perspectiva é o debate. Respeito a todos. Não podemos fazer uma tabula rasa da História. Temos muitos erros e devemos corrigi-los. Não podemos pensar o crescimento pelo crescimento, rebateu Marina.

Sobre os aspectos positivos do governo, estabilidade econômica, controle da inflação, superávit primário....Marina sinaliza que o plano Real começou com Itamar. Isso não pode ser escrito na biografia desse ou daquele governo ou presidente. É um processo.

Marina defende a política de cotas. Sou uma exceção à regra. Sou a única que chegou a universidade de 11 filhos e da vizinhança. A cota é uma forma de tentar sanar uma promessa sistêmica. Aqui vivemos a discriminação e a criminalização da pobreza.

Casamento gay, aborto e a discriminalização da maconha. Ao tratar sobre o aborto esclarece que o assunto mobiliza questões éticas, políticas e religiosas. O debate ainda não tem profundidade. Não temos informação para uma tomada de decisão. O debate tem de sair da esfera do Congresso e mobilizar a sociedade. Eu não faria aborto. A fé que professo não faz julgamento, se defende Marina.

A maconha - Precisamos reduzir o uso de drogas. Isso ta arruinando com a nossa juventude. Não podemos dicotomizar o debate. Advogo pelo plebiscito. A pessoa é portadora de direito. Não podemos discriminar. O debate é complexo.

Política externa – O Lula combinou uma política palaciana e o Itamaraty. É uma inovação. O Estado é para além dos governos e das ideologias. Com os EUA, estamos construindo uma relação de respeito. Temos problemas com Lula e o Irã. Ninguém entendeu. Com os EUA temos problemas com relação às tarifas do etanol. Obama não teve papel de liderança com as emissões dos gases.

América Latina, Venezuela a ênfase plebiscitária é uma situação delicada.

Com relação à Cuba – temos de lembras de aspectos positivos da revolução. Mas, Cuba precisa se abrir para o mundo e para a democracia.

Reforma política - Pedro Simon advoga uma constituinte exclusiva. O nosso consenso é louco. As pessoas não querem cortar na própria carne. Como eles irão advogar contra os seus interesses e dos grupos que representam.

Governo do RJ - Gabeira é o nosso candidato ao governo. Gabeira tem um discurso e prática atualizada. Uma nova prática política.

Campanha – a nossa trajetória é o nosso principal apelo de campanha. Temos uma relação histórica com o Rio de Janeiro. Desde quando vivíamos no siringal no Acre. Aqui tivemos apoio de inúmeras pessoas. O Rio vai nos ajudar no embate de um processo sustentável e ético.

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