quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Suspeito do assassinato de Irmã Dorothy é eleito prefeito



Quase três anos e oito meses depois da missionária Dorothy Stang ter sido assassinada, um de seus mais antigos aliados políticos, Francisco de Assis Sousa, o Chiquinho do PT, elegeu-se prefeito em Anapu (PA) tendo como vice o fazendeiro Délio Fernandes (PRP), investigado como suspeito de ter sido um dos mandantes do crime.


A notícia é de João Carlos Magalhães e publicada pelo portal UOL, 28-10-2008.


A aliança entre os dois causou surpresa aos seguidores da causa da religiosa. Segundo o Ministério Público do Pará, em 2005 ela recebeu seis tiros em uma estrada vicinal da cidade devido à luta com grandes fazendeiros -- Fernandes incluso -- para criar projetos de agricultura familiar em áreas supostamente griladas da região.


De acordo com José Batista, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), Fernandes, que nunca chegou a ser processado pela morte da freira, é suspeito de ter se aproveitado dos mesmos processos de grilagens que Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusados de serem os mandantes do crime -- o último, inocentado neste ano.


Quando a freira foi morta, houve boatos de que o Fernandes tinha dado proteção para Bida fugir, o que não se confirmou. Todos os suspeitos ou acusados sempre negaram envolvimento na morte.


Já Chiquinho do PT, que durante sua adolescência recebeu educação religiosa de Stang, era o principal aliado da missionária no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, do qual foi presidente.


Em 2003, ele formulou, junto com a missionária, um documento acusando Fernandes de ser grileiro de terras em Anapu. Logo depois do crime, tornou-se porta-voz da causa de Dorothy. Falava com a imprensa e se reuniu com ministros em Brasília para discutir o caso.


Mas, nos últimos dois anos, Chiquinho se afastou do grupo da freira. Para Jane Dwyer, da mesma congregação de Dorothy, a situação política na cidade, que ela disse estar "para lá de crítica", deve aumentar a pressão sobre o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) criado pela antiga colega.


A reportagem ligou para três telefones de Fernandes durante toda a tarde de ontem, mas não conseguiu ouvi-lo. Souza também não foi localizado.

Fonte- Instituto Humanitas Unisinos-29-10-2008

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