domingo, 21 de setembro de 2008

Rede de Estudos Rurais debate diversidade e perspectivas do mundo rural brasileiro

Rede de Estudos Rurais debate diversidade e perspectivas do mundo rural brasileiro

Espaço de diálogo entre pesquisadores acadêmicos e não-acadêmicos, a Rede de Estudos Rurais se firma por meio de seu 3º Encontro. “O diferencial é promover a interdisciplinaridade e a complementariedade de pontos de vista de pessoas que se debruçam sobre as questões articuladoras dos espaços rurais e urbanos”, definiu Ramonildes Gomes, professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e uma das organizadoras do evento na Paraíba.Promovido entre 9 e 12 de setembro, no campus da UFCG, em Campina Grande (PB), com o tema “Tecendo o intercâmbio: diversidade e perspectiva do mundo rural no Brasil contemporâneo”, o 3º Encontro da Rede contou com três mesas-redondas, uma Conferência e sete Grupos de Trabalho (GTs) – um a mais que no ano passado, com a criação do GT “Comunicação, arte, linguagens e cultura no mundo rural”.Foram inscritos 198 trabalhos para esta edição da Rede, e mais de 200 pessoas participaram do evento, entre economistas, sociólogos, antropólogos, agrônomos, geógrafos, historiadores, além de estudantes e professores de outras áreas do conhecimento. AvançosO objetivo do 3º Encontro da Rede de Estudos Rurais foi reforçar o espaço de debates constituído em 2006, buscando, em especial, divulgar a Rede e suas metas, agregar novos pesquisadores, experimentar novos formatos de discussão e abordar as possibilidades de integração entre fóruns virtuais e presenciais.Boas notícias foram anunciadas na Assembléia que encerrou o evento: a Rede é, a partir de agora, uma associação científica registrada, o que indica seu fortalecimento e a consolidação institucional, garantindo a continuidade da iniciativa. Em breve estará funcionando a Rede Virtual, site na internet cujo layout foi apresentado aos participantes da reunião. Esse site terá notícias, fórum de discussão, além dos documentos e trabalhos dos dois Encontros anteriores – Niterói, 2006; e Rio de Janeiro, 2007 – além deste último.Na Assembléia também foi feita uma avaliação dos GTs por seus coordenadores e participantes. Houve a proposta de um GT sobre Gênero, Família e Gerações. Esta foi encaminhada, como indicação, para a nova diretoria da Rede de Estudos Rurais. Segundo os organizadores, a realização deste e a reedição dos demais será avaliada, porque a idéia é que possam mudar, para haver novos temas e novas abordagens. Também ficou definido que os encontros presenciais da Rede passarão a acontecer a cada dois anos. Assim, 2010 será o ano do próximo evento, previsto para se realizar em Curitiba (PR).ValorizaçãoDe acordo com Maria de Nazareth Wanderley, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e uma das coordenadoras nacionais da Rede, a temática dos debates deste ano se organizou em torno de dois pressupostos sobre o meio rural: a certeza de que ele é parte significativa da sociedade brasileira, e a afirmação da heterogeneidade das formas e das relações sociais observadas no mundo rural brasileiro. “Questões centrais em debate no país, como a pobreza, a cidadania, os direitos, a segurança alimentar, a propriedade, as novas faces do trabalho, perpassam, de alguma forma, o mundo rural. Longe, portanto, de ser um universo à parte, ele é, hoje, intensamente cruzado pelos embates da sociedade contemporânea, constantemente atualizados a partir da presença de redes de movimentos e organizações sociais, nacionais e internacionais, que estimulam a circulação, em mão dupla, dos temas globais ao plano local”, argumentou.Nazareth também deu ênfase à diversidade existente no campo, analisando a visão que simplista que predomina em muitos espaços e esclarecendo a intenção da Rede. “Nos discursos dominantes, prevalece a visão dicotômica, fundada na polarização, de caráter ideológico, entre o moderno e o arcaico. Esta visão considera modernos os setores que, beneficiando-se das políticas públicas, têm acesso aos grandes mercados, particularmente os mercados internacionais, independente de suas formas predatórias sociais e ambientais. Em conseqüência, ela omite ou define de forma maniqueísta as múltiplas relações entre esses dois pólos da realidade, desconhecendo a complexidade das situações produtivas, técnicas, sociais, culturais e ambientais, nas diferentes regiões do país, obscurecendo as muitas dinâmicas que caracterizam o mundo rural no Brasil contemporâneo, bem como as profundas conexões que ligam o rural e seus diferentes atores às variadas dimensões da sociedade brasileira”.E a pesquisadora reforça: “Em direção oposta a esta, o debate proposto aos pesquisadores do 3º Encontro focaliza uma outra concepção do desenvolvimento rural, que expressa uma opção pela modernidade socialmente justa, não predatória e integrada à dinâmica global da sociedade brasileira. Que atores sociais e que formas sociais de vida e trabalho são portadores de um projeto de desenvolvimento rural que assuma essas questões colocadas ao conjunto da sociedade brasileira? Sem essa capacidade de formular projetos sociais, temas como a dinamização da agricultura familiar e o acesso a terra através da reforma agrária correm o risco de continuar socialmente invisíveis ou de serem tratados como demandas isoladas, sem vínculos com as questões centrais da realidade brasileira rural”, sustenta.As sínteses dos trabalhos dos GTs da Rede podem ser acessadas no site: http://www.ufcg.edu.br/~rederural2008/sinteses.php
Fonte Boletim do NEAD - 437- Fotos: Carolina Fleury

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