sábado, 3 de julho de 2021

Ato contra Bolsonaro: centenas de pessoas ocuparam as ruas da cidade de Santarém

 Apesar do temporal, jovens, indígenas e camponeses tomaram as ruas em defesa da vida

              

                                     Faixa em defesa dos povos da floresta.  Foto: Taione Silva

“Com as bandeiras nas ruas ninguém pode nos calar”, dispara a poesia da canção (Oração Latina), do poeta maranhense César Teixeira, e, nesta manhã, apesar do temporal, indígenas, quilombolas, camponeses, funcionários públicos, religiosos, jovens, muitos jovens dos mais variados segmentos tomaram, mais uma vez as ruas da cidade de Santarém, no oeste do Pará em mais um ato pela saída do presidente da República, Jair Bolsonaro.

                                        Faixa contra o marco temporal. Foto: Hellen Joplin

Iniciado na Praça São Sebastião, a caminhada percorreu as principais ruas do comércio da cidade, para encerrar na Praça da Matriz, nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, espaço dominado pelo comercio considerado informal. Duas viaturas da PM e uma do setor de trânsito da prefeitura acompanharam todo o cortejo.

                                                                Autor: Taione Silva

Manuel, cacique Munduruku, comenta as constantes ameaças de desmatadores, tanto em seu território, a aldeia Ipaupixuna, localizada na região do planalto da cidade de Santarém, como nos demais territórios por toda a região do Baixo Amazonas. 

Na macabra conjuntura que assola o país, além dos indígenas, quilombolas e campesinos convivem diariamente com ameaças de madeireiros, garimpeiros, grileiros, construtores de grandes obras, sojicultores e tantos outros.

                                    Ciranda na Praça da Matriz. Foto: Hellen Joplin

Tem-se ainda a satanização e criminalização dos setores populares por parte de oligarquias locais e grandes empresas, posto no planejamento do governo, a ideia é consolidar a região como um grande corredor de exportação de produtos primários, com destaque para a soja. No pacote constam complexos portuários e hidroelétricos e modal de transportes (hidrovia, rodovia e ferrovia).

E, interesses de mineradoras, como ocorre do Projeto de Assentamento Agroextrativista Lago Grande, constantemente ameaçado pela mineradora Alcoa. Para não falar na situação de grande tensão que ocorre na cidade de Jacareacanga, em terras Munduruku, por conta da presença de garimpeiros.  

O planalto santareno, assim como frações das cidades vizinhas de Mojuí dos Campos e Belterra padecem há mais de uma década com a presença da soja. É uma constante a denúncia da contaminação dos recursos hídricos da região por conta do uso intensivo de agrotóxico. 

Um grupo perto de 30 indígenas Munduruku engrossaram a manifestação. Embarcaram ainda na madrugada para poder chegar na sede da cidade. As estradas quase sempre precárias, com as derradeiras chuvas, tornam a viagem mais demorada e cansativa.

Durante o ato, a coordenação  a todo momento reforçava a necessidade de cuidado com o uso da máscara e do álcool gel. Bem como,  evitar as provocações de adversários. Participantes das jornadas comentaram a tentativa de provocações e da ameaça da polícia que ocorreram no ato anterior, que ocorreu no dia 29.


                            Faixa pela saída do presidente. Foto: Hellen Joplin

Uma chuva atípica para o período precipitou sobre a caminhada, que invocava palavras de ordem contra o presidente, e em defesa da vida, da vacina, da saúde, do trabalho, da educação entrecortado por cantos indígenas.  

A todo o momento o Projeto de Lei que tenta estabelecer o marco temporal contra os indígenas foi lembrado, e da necessidade de combate-lo, bem como as demais medidas que representam um verdadeiro pacote de morte para os povos da floresta.

Em outra parte da canção de Teixeira, ele defende, “Quem nos ajudará, a não ser a própria gente”.  Hoje, apesar do temporal, as gentes de cá seguiram em marcha em defesa da vida.