Ação de quilombolas do Maranhão contra a duplicação da Ferrovia/ Justiça nos Trilhos
O ranger do peso dos
vagões sobre os trilhos é ouvido em quase toda a cidade de Marabá, sudeste paraense.
O maior trem do mundo não cessa. Todos os dias, durante o dia todo os ruídos
lembram do saque.
O trem carrega minério de
ferro de melhor teor do mundo da Serra de Carajás, até São Luís, no Maranhão,
de onde ganha o mercado asiático. Faz
mais de 30 anos.
Tantos são os navios de grande porte, que as praias de São Luís
lembram uma pintura de tempos coloniais, com a esquadra de naus a espreitar a cidadela. A
ferrovia que foi duplicada, tem perto de mil de quilômetros.
Carajás abriga umas 4
bilhões de toneladas de minérios. A estimativa era que o minério duraria uns
quatro séculos. O mercado, as tecnologias de exploração reduziram para menos de
cem anos.
O maior trem do mundo
mede 3,3 quilômetros extensão, possui 330 vagões, puxados por quatro
locomotivas, que varam perto de 30 cidades dos dois estados, e perto de 100
comunidades.
O site da firma informa
que por ano transporta 120 milhões de toneladas. Cada vagão tem a capacidade de
104 toneladas. Para viabilizar o transporte a firma possui 10.7656 vagões e 217
locomotivas.
Em 2011 foram necessário cinco rebocadores mobilizados de todo o país para atracar o Vale Brasil, navio com capacidade de carregar 400 mil toneladas de ferro rumo à China.
Os portos de Roterdã e o de São Luís são os com capacidade de receber os navios de grande envergadura por conta da oscilação da maré. A baía de São Marcos, em São Luís, desde séculos imemoriais afunda navios.
Mesmo nos dias de hoje os acidentes persistem, e tendem a provocar problemas ambientais por conta de vazamentos de óleo e minério. Em fevereiro deste ano a Marinha afundou o Stellar Banner, navio com capacidade de quase 300 mil toneladas da empresa sul-coreana Pollaris Shipping a serviço da Vale.
Em 2011 foram necessário cinco rebocadores mobilizados de todo o país para atracar o Vale Brasil, navio com capacidade de carregar 400 mil toneladas de ferro rumo à China.
Os portos de Roterdã e o de São Luís são os com capacidade de receber os navios de grande envergadura por conta da oscilação da maré. A baía de São Marcos, em São Luís, desde séculos imemoriais afunda navios.
Mesmo nos dias de hoje os acidentes persistem, e tendem a provocar problemas ambientais por conta de vazamentos de óleo e minério. Em fevereiro deste ano a Marinha afundou o Stellar Banner, navio com capacidade de quase 300 mil toneladas da empresa sul-coreana Pollaris Shipping a serviço da Vale.
E o trem danou-se naquelas brenhas do Pará e do Maranhão. Estados iguais em desgraça, onde o barulho, a poeira, as casas
rachadas, as mortes de pessoas e de animais não integram os cálculos contábeis da
mineradora Vale.
Há uns quatro anos ela
investiu 60 bilhões de reais para viabilizar a exploração da Serra Sul (S11D),
localizada em Canaã dos Carajás. O
projeto é o mais expressivo no portfólio da mineradora que feriu de morte
Mariana e Brumadinho, e nocauteou Itabira de Drummond.
Especialistas advertem
que a estimativa de lucro para o último trimestre do ano é de U$$ 3 bilhões de dólares.
No fim do ano passado ela anunciou a distribuição de U$$ 7,25 bilhões a seus
acionistas.
Mais que o dobro que
pagou em possíveis compensações às famílias impactadas pelos crimes ambientais em
Minas Gerais. Por conta dos crimes, o conselho administrativo da firma havia
colocado em suspensão a remuneração dos acionistas.
Os valores sempre estratosféricos
do mercado aprofundam a condição colonial da região como exportador de produto
primário.
Nesta peleja de Davi
contra Golias, os coletivos Justiça nos Trilhos e Atingidos pela Vale atuam em
rede no sentido em visibilizar os abusos da mineradora.
A gênese do projeto consta nos anais da historia da ditadura civil-militar.. A política
desenvolvimentista do regime representa um divisor de água na lógica do
saque sobre a região. Ele ergueu institucionalidades, possibilitou políticas de
crédito, promoveu a expropriação de comunidades indígenas, quilombolas e
camponesas. E, continua na mesma toada.
Por cá, vidas não importam.
A Vale é um estado dentro
do estado do Pará. O minério de ferro representa o principal produto da balança
comercial do estado, perto de 90%.
A região de Carajás da
Vale não se coaduna com o universo da sociedade local, que coleciona os
principais indicadores em desmatamento, morte de camponeses, trabalho escravo,
péssimos números em educação, saneamento e por aí vai.
Nada cessa o trem da
Vale. Crimes ambientais, indignação ou pandemia.