sexta-feira, 3 de julho de 2020

Tiros de canhão contra a pandemia


Belém antiga. Imagem da internet. 

Lá pelos idos de 1850, pós Cabanagem, poucos anos depois do lançamento do Manifesto Comunista, a cidade de Belém, naquela época denominada de Pará pelos visitantes de além riomar, era acometida por surtos epidêmicos de febre amarela e de varíola.  O porto teria sido o canal de viabilidade das chagas.  

A febre amarela precipitava sobre brancos e mamelucos, enquanto a varíola acometia índios, negros e mestiços. Iniciadas em abril, em plena estação chuvosa, as pestes duraram uns seis meses.

No portfólio de ações sanitárias do governo da época no combate das pragas, uma se destacava, disparar tiros de canhão no afã de purificar o ar, nos conta Bates.

O naturalista, que a partir de Liverpool – renomado porto de tráfico negreiro- aportou em searas Amazônicas, ao lado de Wallace, igualmente cientista,  percorreram o rio Amazonas por demorados anos. As informações acima constam em Um Naturalista no Rio Amazonas.

A obra além de relatar as exuberâncias da floresta tropical, externaliza toda ordem de leitura preconceituosa contra os povos ancestrais, por ele tratadas de indolentes, bárbaros, selvagens e congêneres. Mesma tratativa recebe a insurreição Cabanagem.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

2020, o São João mais triste


Foto: Bumba meu Boi de Maracanã. fonte: facebook do Batalhão de Ouro

No São João mais amofinado que o mundo já viu, acomodei ao alforje uma fieira de estrelas para modo de enfeitar a cumeeira do teu viver

No São João mais triste que o mundo já viu, nada de fogueira, arraiá de bandeiras, guarnicê ou brincadeiras

Nada de coco, coqueiro, Boi de Leonardo, Maracanã, Maioba, Ribamar, Coxinho, cacuriá...

No São João desprovido de matracas, pandeiros, o onça se perdeu no buraco fundo, aonde o vento faz a curva, na grota do Japão sem liberdade

No São João da ilha em baixo astral

Até a face da lua ficou caiada por gotas do banzo de África

No riomar de solidão

Melhor sair de fininho

Miudinho

Apito calado  

Ajuntar os versos noutro lugar

Águas em outro ribeirão