domingo, 8 de maio de 2016

Sindicato dos Químicos de Barcarena – após quase 10 anos, fundadores voltam a ocupar a instituição

Oposição sindical retoma sindicato dos químicos de pelegos em Barcarena
 
Um estado dentro do estado é uma das características das grandes corporações que operam na Amazônia. Assim, empresas como a Alcoa, Vale, Jari, Norsk Hidro, Belo Sun e Imerys Rio Capim, dentre outras, tendem a controlar a vida laboral e lazer dos funcionários, onde a company town (cidade empresa) é uma das estratégias.

Para a torcida (sociedade?), os que resistem a cooptação, o recurso adotado é a responsabilidade social via alguns programas assistenciais e robusta propaganda. Anúncios pagam pelo silêncio dos principais veículos de comunicação, que ao menos em tese deveriam zelar pelo interesse público.  

Nesta perspectiva, quase nunca ocorre visibilidade dos passivos sociais e ambientais que os grandes projetos engendram nos rincões onde desenvolvem o saque dos recursos naturais, promovem a expropriação e espoliação junto às populações originárias.

 

As operações danosas à saúde da população, como a emissão de várias modalidades de rejeitos no meio ambiente não é monitorada ou fiscalizada pelo estado. Conforme a audiência pública ocorrida em novembro, um dos graves problemas tem relação com os recursos hídricos da cidade, que estariam comprometidos.  

O Sindicato dos Químicos de Barcarena, representante dos operários da Alunorte, até 2007 cumpria esse papel: denunciar os desastres das grandes empresas que operam no município. 

A Alunorte  integra a cadeia produtiva do alumínio no Pará ao lado da Albras e das minas em várias cidades do estado, a exemplo de Paragominas e Oriximiná.  Desde o começo do projeto, no século passado, a Vale foi a acionista majoritária. Atualmente a norueguesa Norsk Hidro detém a hegemonia.

Até aquele ano, o sindicato integrava uma série de redes de instituições do campo popular dentro e fora do país. Nelas era possível encontrar de pescadores da região a pesquisadores e sindicalistas da Europa.

Seminários, publicações, fóruns e articulações serviram como espaços de formação para o aprofundamento do conhecimento e tomada de consciência sobre cidadania e direito. Tais espaços possibilitaram que os crimes ambientais e sociais não ficassem circunscritos aos ambientes paroquiais dos rincões. 

Fórum Carajás, Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), diálogos com centrais sindicais da Alemanha e com a Universidade de Bonn eram algumas das capilaridades do Sindicato dos Químicos. A mesmas tiravam a empresa Vale do eixo, posto não poder coagir as falas dos representantes do sindicato.

Foi justo contra a articulação sindical que a empresa organizou uma chapa para a tomada da representação dos trabalhadores em 2007. Assédio em todas direções, cooptação, e até jagunços foram usados, denuncia nota da CUT da época.

Neste interstício, uns ousaram organizar a oposição sindical. Gilvandro Santa Brigida, que foi um dos fundadores do sindicato na década de 1990, é um ponta de lança. O hoje sociólogo e educador foi recolocado na direção da casa dos operários no último dia 05, quando da eleição, onde a chapa da Oposição Sindical obteve quase 80% dos votos do operariado.  

Em suas mãos e de demais entrincheirados, uma hercúlea missão:  recompor a instituição e recoloca-la em seu papel de vanguarda nas lutas populares do município e reorganizar as alianças em diversos escalas e níveis.  Saravá ! Axé!