sábado, 22 de outubro de 2011

Caso Brasília: uma batalha perdida, mas uma guerra não encerrada


“Essa justiça desafinada
É tão humana e tão errada...”
Baader – Legião Urbana

Plenária esvaziada...já era perto de meia noite do dia 20 de outubro de 2001 e saiu a decisão: por 4 votos a 3 réus foram absolvidos.  Quem eram? Alguns dos representantes da velha oligarquia ruralista (Maneco, Parazinho e Marcio Cascável), que ainda mandam e desmandam nos rincões do Pará...terras onde guerrilheir@s do Araguaia ousaram lutar, mas não tiveram o apoio popular suficiente para continuar.

Porém, assim como esses guerrilheiros vi ontem que balas não foram desperdiçadas naquele Júri, realizado pela segunda vez, em decorrência do primeiro ter sido anulado por ter sido contrária às provas dos autos.

Não foram desperdiçadas não só pela perfeita atuação de meu colega de trabalho-militante Marco Apolo, mas por ter sido colocado em cheque o poderio de gente que não tem outra forma de viver senão colando a vida em segundo plano, ruralistas e sua corja que se utiliza do medo para continuarem seu reinado.

A estrutura a que estes se sustentam é frágil. Tão frágil que ao fim do Júri era visível a preocupação do único réu fazendeiro (Alexandre Trevisan), não só porque  este iria voltar  e enfrentar uma dívida (pois era o único com advogado particular), mas principalmente pelo sentimento de revolta do povo, tendo em vista que a memória do Brasília (sindicalista assassinado em 2002, cujo crime era objeto do Júri) não é fácil de esquecer naquele pedaço de Brasil chamado ironicamente de Castelo dos Sonhos (um dia de viajem de Altamira- oeste do Pará).

Ainda que seja inconsolável para a família e amig@s do Brasília não terem a devida punição aos assassinos desse lutador (em especial a D. Santa, ameaçada hoje), é certo que esse resultado não quer dizer em tudo uma derrota, pois é mais um retrato cabal para a sociedade da necessidade de continuar a luta pelas pautas da  reforma agrária e contra a impunidade dos crimes no campo.

Esse quadro só muda com a continuidade da denúncia e das ações insurgentes do povo contra esse tipo de injustiça.

Assim, repassar essa mensagem é preciso não só por esse meio, mas por meio de nossas ações de educadores populares e agentes sociais organizados e firmes na luta!

É mais um aprendizado de muitas lições!
Obrigada ao apoio de tod@s.

Em 21.10.11
Sandy Faidherb
Advogada Popular- PA
Membro da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos

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