sábado, 17 de julho de 2010

Canaã dos Carajás- camponeses debatem passivos da mineração da Vale




Devastação do meio ambiente por conta de transbordamento de tanques de rejeitos do processo de extração do minério, assédio da Vale e da terceirizada Diagonal sobre camponeses assentados para a aquisição de lotes, problema de abastecimento de água, violência, não democratização da informação foram algumas das questões levantadas na reunião da sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará.


O Centro de Educação, Pesquisa, Assessoria Sindical e Popular (CEPASP), ONG com sede na cidade pólo da região, Marabá, fez a assessoria da reunião. A ONG e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão assessorando as representações camponesas no processo de organização de dados e debates sobre a mineração na região.

A reunião teve como objetivo fazer um nivelamento das informações sobre as problemáticas camponesas por conta dos projetos de mineração da Vale. Além das situações citadas acima, um questão considerada grave é o abastecimento de água.


Em suas propagandas e artigos a Vale informa que efetivou o saneamento e o abastecimento de água da cidade. No entanto, os depoimentos de pessoas indicam uma realidade delicada.


Dirigentes de associações informaram que além da má qualidade da água, há problemas de abastecimento. E tem ainda a tarifa do serviço cobrado pela prefeitura, que chega às vezes a taxas de R$ 400,00.


Com relação à compra de lotes de pessoas assentadas, há uma estimativa que a Vale tenha adquirido pelo menos 124 lotes em áreas de interesse para a exploração de minério ou para a construção de ferrovia.


Faz cinco anos que a empresa explora cobre no município. A praxe quando da efetivação desse tipo de projeto é a especulação do mercado de terras no campo e na cidade, aumento do preço da terra e da locação e venda de imóvel e elevação dos preços de diárias em hotéis.


Aumento da taxa de migração, alcoolismo, prostituição e uso de drogas são elementos que resultam da implantação de grandes projetos na região. Tais empreendimentos são considerados como enclaves, transferem riquezas para outros locais.


As relações de solidariedade e companheirismo entre as pessoas que moram no local também são afetadas. 20 anos é a estimativa de duração da exploração de cobre na mina do Sossego em Canaã. A “terra prometida” fica cravada no vale com vários platôs a serem explorados pela Vale.


A estrada para se alcançar Canaã é sinuosa. Mas, bem pavimentada. No percurso atravessamos algumas fazendas e ocupações. Na fronteira agromineral, a extração do minério e a pecuária conformam a economia.


Sossego é o nome da mina em que a mineradora extrai cobre. O nome da mina passa a batizar empreendimentos na cidade. Apesar de inúmeros alertas nos mais diferentes níveis, as queimadas ainda fazem parte da realidade local.


Uma delicada situação fundiária, disputa pelo controle do território, posse e uso das riquezas locais, modelo de projeto de desenvolvimento, papel do Estado constam como elementos de pano de fundo sobre a região, que conecta o local ao global por conta do extrativismo mineral.


É comum a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) e da renda per capita, em contrapartida, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e demais, costumam ser os piores.


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