O juiz Adelino Arrais Gomes da Silva foi impedido de coordenador o processo de eleição no município de Anajás, arquipélago do Marajó, onde presidia a 90ª Zona Eleitoral. A decisão foi expedida em setembro após denúncias encaminhadas ao Ministério Público Federal do Pará.
O juiz é acusado de tomar partido do candidato de oposição, Raimundo Nogueira Filho (PMDB), contra o candidato a reeleição Edson da Silva Barros (PTB). Oito pessoas do município assinam o documento acusatório. Os denunciantes informam que o juiz chegou a usar camiseta do candidato do PMDB e participar de passeata e presenciar o comício no dia 06 de setembro.
O documento informa ainda que o juiz Adelino da Silva participava das reuniões estratégicas do candidato do PMDB. Os denunciantes disparam que até o acesso a quadra do ginásio de esportes local ficou restrito aos amigos do juiz, sendo vetado o acesso dos simpatizantes do prefeito. Um outro juiz foi escalado para a comarca, enquanto o processo do juiz Adelino da Silva aguarda julgamento.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Eleições no Pará
Eleições no Pará
82 municípios dos 142 do Pará terão reforço militar no dia da eleição, 05 de outubro. O muque ainda tem sido a forma de aplacar as diferenças por aqui. No calor da disputa eleitoral três atentados foram registrados nos dias recentes.
O mais grave resultou no assassinato do candidato a prefeito no município de Rio Maria, sudeste do estado, Agemiro Gomes da Silva (PMDB). Um outro ocorreu no oeste, no município de Uruará.
Em seguida o prefeito de Floresta do Araguaia, Balbino Xis (PMDB) sofreu um atentado à bala. O candidato levou um tiro na perna e outro no tórax. O candidato pelo PR a reeleição na cidade de Almerim, Gandor Hage teve o carro atingidos por tiros disparados por dois motoqueiros. Hage já vinha sofrendo ameaça de morte.
Triste Belém
A direita polariza a sucessão em Belém. Duciomar Costa (PTB), dono de uma coleção de CPF´s e flagrado com diploma falso de médico e a Valéria Pires (DEM), disputam a cadeira do Palácio Senador Lemos.
Ao menos é o que indica as sucessivas pesquisas de opinião, em nada confiáveis. As mesmas são manipuladas conforme as simpatias da direção dos jornais locais. No pleito de 1996, em que Edmilson Rodrigues, então vinculado ao PT foi eleito, ele aparecia como o candidato azarado, e acabou por dirigir Belém em dois mandatos.
Antes das definições dos candidatos para a eleição de 2008, ele aparecia em primeiro lugar.
Pires foi a vice na chapa que mandou no Pará nos derradeiro governo, que encerrou uma hegemonia de 12 anos do PSDB no estado. Dudu e Valéria no passado eram par na coligação União Pelo Pará,
Os pássaros da fina plumagem do tucanato não exibiram as suas faces pela cidade. Tudo foi muito discreto. Apenas o ex-governador, Simão Jatene, gravou apoio a Valéria.Tudo muito sem graça, feito o reclame de um novo sabão em pó.
Ainda em Belém, há rumores de bastidores para uma possível surpresa do PMDB, através do primo de Jader Barbalho, José Priante. Alguns caciques do PT ainda sonham com a possível passagem para o segundo turno do professor Mário Cardoso.
Campanha sem substância
O óbito de inúmeras crianças na Santa Casa de Belém empurrou o discurso da maioria dos candidatos para a temática da saúde. Sem avaliar a conjuntura da saúde no estado, marcada pela ausência de infra-estrutura na maioria dos municípios, a suspensão de políticas de pré-natal na capital, os baixos salários dos servidores, todos os candidatos acabaram por chutar a questão da saúde para a edificação de prédios.
A cidade nas eleições
A cidade na eleição fica mais suja do que o normal e mais barulhenta do que o de costume. O barulho em Belém a consagrou como a mais ruidosa do Brasil.
Às vésperas do pleito, o desânimo impregna a cidade. Pessoas agitam bandeiras dos partidos indiferentes a planos que possam retirá-las de uma situação de penúria. Jovens, idosos, adultos germinam em pontos de grande fluxo de pessoas. Um quadro triste, tal “Os comedores de batatas” de Van Gogh.
Cidades estratégicas
Em Marabá a esquerda não tem chance. Vai levar de lambuja o evangélico Maurino Magalhães (PR). Assim advoga um dos jornais da cidade. Já o outro boletim aclama que o vencedor será João Salame (PPS). O PT deve chegar em terceiro lugar. Isso nas duas pesquisas.
Em Santarém as apostas indicam a reeleição de Maria do Carmo (PT). Mas o candidato de oposição Lira Maia (DEM), diz-se sagrar-se vencedor no dia 05.
Na terra do minério Parauapebas, tudo aponta para a reeleição de Darci Lerner (PT), após um início turbulento em sua administração. A ex-prefeita, Bem Mesquita (PMDB), segue em segundo lugar.
O apoio do cacique Jader Barbalho foi decisivo para a eleição Ana Júlia Carepa (PT), ao governo do Pará. Em entrevista ao jornalista Mauro Bonna, no programa Argumento na TV RBA, que integra o portfólio do Barbalho, o chefe político do PMDB disparou que “ não se ganha eleição do Pará sem coligar com o PMDB.
Até onde se sabe o PMDB é o partido que mais comanda prefeituras no estado. Após a hecatombe ocorrida no ninho tucano em 2006, tudo deve ficar bem mais confortável para o partido comandado por Barbalho.
82 municípios dos 142 do Pará terão reforço militar no dia da eleição, 05 de outubro. O muque ainda tem sido a forma de aplacar as diferenças por aqui. No calor da disputa eleitoral três atentados foram registrados nos dias recentes.
O mais grave resultou no assassinato do candidato a prefeito no município de Rio Maria, sudeste do estado, Agemiro Gomes da Silva (PMDB). Um outro ocorreu no oeste, no município de Uruará.
Em seguida o prefeito de Floresta do Araguaia, Balbino Xis (PMDB) sofreu um atentado à bala. O candidato levou um tiro na perna e outro no tórax. O candidato pelo PR a reeleição na cidade de Almerim, Gandor Hage teve o carro atingidos por tiros disparados por dois motoqueiros. Hage já vinha sofrendo ameaça de morte.
Triste Belém
A direita polariza a sucessão em Belém. Duciomar Costa (PTB), dono de uma coleção de CPF´s e flagrado com diploma falso de médico e a Valéria Pires (DEM), disputam a cadeira do Palácio Senador Lemos.
Ao menos é o que indica as sucessivas pesquisas de opinião, em nada confiáveis. As mesmas são manipuladas conforme as simpatias da direção dos jornais locais. No pleito de 1996, em que Edmilson Rodrigues, então vinculado ao PT foi eleito, ele aparecia como o candidato azarado, e acabou por dirigir Belém em dois mandatos.
Antes das definições dos candidatos para a eleição de 2008, ele aparecia em primeiro lugar.
Pires foi a vice na chapa que mandou no Pará nos derradeiro governo, que encerrou uma hegemonia de 12 anos do PSDB no estado. Dudu e Valéria no passado eram par na coligação União Pelo Pará,
Os pássaros da fina plumagem do tucanato não exibiram as suas faces pela cidade. Tudo foi muito discreto. Apenas o ex-governador, Simão Jatene, gravou apoio a Valéria.Tudo muito sem graça, feito o reclame de um novo sabão em pó.
Ainda em Belém, há rumores de bastidores para uma possível surpresa do PMDB, através do primo de Jader Barbalho, José Priante. Alguns caciques do PT ainda sonham com a possível passagem para o segundo turno do professor Mário Cardoso.
Campanha sem substância
O óbito de inúmeras crianças na Santa Casa de Belém empurrou o discurso da maioria dos candidatos para a temática da saúde. Sem avaliar a conjuntura da saúde no estado, marcada pela ausência de infra-estrutura na maioria dos municípios, a suspensão de políticas de pré-natal na capital, os baixos salários dos servidores, todos os candidatos acabaram por chutar a questão da saúde para a edificação de prédios.
A cidade nas eleições
A cidade na eleição fica mais suja do que o normal e mais barulhenta do que o de costume. O barulho em Belém a consagrou como a mais ruidosa do Brasil.
Às vésperas do pleito, o desânimo impregna a cidade. Pessoas agitam bandeiras dos partidos indiferentes a planos que possam retirá-las de uma situação de penúria. Jovens, idosos, adultos germinam em pontos de grande fluxo de pessoas. Um quadro triste, tal “Os comedores de batatas” de Van Gogh.
Cidades estratégicas
Em Marabá a esquerda não tem chance. Vai levar de lambuja o evangélico Maurino Magalhães (PR). Assim advoga um dos jornais da cidade. Já o outro boletim aclama que o vencedor será João Salame (PPS). O PT deve chegar em terceiro lugar. Isso nas duas pesquisas.
Em Santarém as apostas indicam a reeleição de Maria do Carmo (PT). Mas o candidato de oposição Lira Maia (DEM), diz-se sagrar-se vencedor no dia 05.
Na terra do minério Parauapebas, tudo aponta para a reeleição de Darci Lerner (PT), após um início turbulento em sua administração. A ex-prefeita, Bem Mesquita (PMDB), segue em segundo lugar.
O apoio do cacique Jader Barbalho foi decisivo para a eleição Ana Júlia Carepa (PT), ao governo do Pará. Em entrevista ao jornalista Mauro Bonna, no programa Argumento na TV RBA, que integra o portfólio do Barbalho, o chefe político do PMDB disparou que “ não se ganha eleição do Pará sem coligar com o PMDB.
Até onde se sabe o PMDB é o partido que mais comanda prefeituras no estado. Após a hecatombe ocorrida no ninho tucano em 2006, tudo deve ficar bem mais confortável para o partido comandado por Barbalho.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Agronegócio ameaça lavradores no Maranhão
Esta situação se passa principalmente na parte sul do estado, onde o agronegócio vem tentando se consolidar. Na região, três acampamentos do MST passam por condições difíceis devido às ameaças de despejos forçados por parte de pistoleiros organizados pelos latifundiários da região. A coordenação estadual do MST na Maranhão alerta que os fazendeiros começam a articular milícias armadas, para impor o terror sobre os acampados. Na sexta-feira passada (26/9), no município de Sumaúma, o acampamento 25 de Julho foi alvo de um ataque destas milícias. Cerca de 30 pistoleiros armados cercaram o acampamento e mantiveram um tiroteio durante quase 30 minutos, ninguém foi ferido. Porém, o sinal do risco de um massacre ficou bem visível: as marcas dos tiros ficaram espalhadas pelos barracos dos acampados. Na cidade de Senador La Roque o risco de conflito é ainda maior. O Acampamento Roseli Nunes, que possui já conquistou o decreto de desapropriação da área, enfrenta a resistência do proprietário que se recusa a deixar a fazenda. Desde o início do ano, um grupo de 40 homens se mantém mobilizado percorrendo o acampamento e prometendo a morte das lideranças locais. Estes homens já teriam inclusive noticiado a data da emboscada: o dia 5 de outubro, momento em o movimento de chegada e saída do acampamento será mais intenso, por conta das Eleições Municipais. Assim segue o clima em outros acampamentos da região. Curiosamente, todas as áreas em conflito são terras da União que foram griladas nos últimos 30 anos. Os casos já foram denunciados ao Ministério Público, porém até o momento nenhuma providencia foi tomada.
FONTE- MST -Maranhão
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Resistir é o primeiro passo- 30 anos do boletim Resistência
“Resistir é o primeiro passo”, sob tal palavra de ordem circulou em Belém, capital do Pará, o Jornal Resistência. A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) serviu-lhe de ventre para que o mesmo viesse ao mundo num sombrio 1978. A SDDH somava apenas um ano de vida.
Na vizinhança latina a esquadra Argentina levantava o troféu de campeã de futebol do Mundo. Cinco anos antes Allende era assassinado no Chile e Pinochet chefiava a ditadura no país. No Brasil respirava-se o ocaso do milagre econômico. Uma tal de integração da Amazônia ao resto do país regia a vida na taba. Com a proteção do guarda chuva do Estado o capital adentrou na selva sem quase nenhum desconforto.
Varadouro, publicação acreana, rivaliza com o Resistência em importância na seara de jornalismo alternativo na Amazônia. O boletim acreano foi o canal de comunicação dos seringueiros contra a jagunçada dos fazendeiros. O Vara, como o trata o seu editor da época, Elson Martins, circulou entre 1977 a 1981.
“Resistir é o primeiro passo”, sob tal palavra de ordem circulou em Belém, capital do Pará, o Jornal Resistência. A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) serviu-lhe de ventre para que o mesmo viesse ao mundo num sombrio 1978. A SDDH somava apenas um ano de vida.
Na vizinhança latina a esquadra Argentina levantava o troféu de campeã de futebol do Mundo. Cinco anos antes Allende era assassinado no Chile e Pinochet chefiava a ditadura no país. No Brasil respirava-se o ocaso do milagre econômico. Uma tal de integração da Amazônia ao resto do país regia a vida na taba. Com a proteção do guarda chuva do Estado o capital adentrou na selva sem quase nenhum desconforto.
Varadouro, publicação acreana, rivaliza com o Resistência em importância na seara de jornalismo alternativo na Amazônia. O boletim acreano foi o canal de comunicação dos seringueiros contra a jagunçada dos fazendeiros. O Vara, como o trata o seu editor da época, Elson Martins, circulou entre 1977 a 1981.
Anistia aos presos políticos, liberdade de expressão, fim do regime exceção e denúncia de mortes e torturas eram pontos da agenda política de parte da sociedade civil. Em artigo publicado pela Rede Alfredo de Carvalho, vinculada ao curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o jornalista Paulo Roberto Ferreira resume a trajetória do Resistência.
No artigo de Paulo Roberto, que colaborou no jornal, encontram-se o registro das crises econômicas e políticas, os sujeitos que deram vida ao boletim, o debate sobre a pauta e elementos que resultaram no fim da publicação. A perseguição da Polícia Federal e as iniciativas coletivas de manutenção do jornal. Na obra de Bernardo Kucinski, Jornalistas e Revolucionários (1991), também há inflexões sobre o alternativo.
O boletim se constitui como um marco da comunicação considerada alternativa no Pará e circulou de forma regular entre 1978 a 1983. Como os pares enquadrados como alternativo ou popular não gozava de saúde financeira. No contexto histórico em que surgiu foi um aglutinador das forças populares que se reorganizavam em um mosaico de possibilidades: partidos políticos, movimentos sociais, ONG’s, sindicatos e segmentos da Igreja Católica inspirados da Teologia da Libertação.
Ferreira lembra que a primeira edição do boletim foi impressa na gráfica da Escola Salesiana do Trabalho. Paulo Rocha, deputado federal a vários mandatos no Pará pelo PT, era então o chefe da gráfica. Passadas três décadas o editor do Resistência, o advogado Luiz Maklouf Carvalho é hoje reconhecido e premiado jornalista no sul maravilha. Em 2006 foi o terceiro lugar no Prêmio Jabuti com o livro reportagem, “Já vi este filme”, que aborda deslizes éticos da trajetória do presidente Lula e do PT.
O Resistência configura-se na história recente da sociedade paraense como importante registro do avanço do capital sobre a fronteira da Amazônia. O jornal é uma fonte inestimável sobre o abuso do poder econômico e político, que engendrou no Pará, tendo o Estado como indutor, mazelas como o massacre de camponeses, destruição da floresta, grilagens de terras, hipertrofia do poder político e econômico de um segmento da sociedade. Além do Resistência no Pará, merecem registro na área de impressos os boletins Lamparina, produzido em Santarém, oeste do Estado e o Grito da PA-150, editado na região Marabá, a sudeste.
Nele também podem ser encontrados inúmeros momentos de organização dos trabalhadores do campo e da cidade, mobilizações contrárias aos grandes projetos, como o Grande Carajás. E na cena urbana de Belém a luta meia passagem. Em uma das capas enfoca o Tribunal da Terra, realizado em 1986, uma forma simbólica de pressionar o Estado contra as mortes de dirigentes sindicais do campo. Não são raros questionamentos sobre o cenário político, que aborda atuações de Alacid Nunes e Aloysio Chaves e mesmo apoio ao candidato a governo Jader Barbalho.
O escrete do Resistência, segundo Ferreira, tinha João Marques, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará, foi um dos fundadores do Resistência. E na condição também de advogado, defendia as lideranças comunitárias que lutavam pelo direito de morar na periferia de Belém. Raimundo José Pinto, Paulo Roberto Ferreira, Nélio Palheta, Sérgio Palmquist, João Vital, Agenor Garcia, Rosaly Brito, Regina Lima, Ana Célia Pinheiro, José Rangel, Sérgio Bastos e Pedro Estevam da Rocha Pomar (que usava o codinome Marcos Soares), entre outros jornalistas que atuavam na grande imprensa, escreviam regularmente ou colaboravam eventualmente com o jornal. Em São Luís, o correspondente era Walter Rodrigues. Em São Paulo, Benedito Carvalho. Lúcio Flávio Pinto escrevia artigos especiais. Outros nomes povoam a vida do Resistência, como o do jornalista Raimundo Jinkings, o fotógrafo Miguel Chikaoka, o do cineasta Januário Guedes, Humberto Cunha, Hecilda Cunha, Daniel Veiga e Paulo Fonteles, entre tantos. .
Além da periferia de Belém o boletim circulava na Transamazônica graças ao empenho da missionária assassinada em 2005, Doroth Stang. No sudeste do Pará o casal Ademir e Beta Martins animavam a distribuição do boletim na região de Marabá.
Desde que deixou de circular devido a questões que passam por divergência política, crise financeira, - que sempre norteou tal modalidade de iniciativa, - as organizações consideradas do campo democrático não conseguiram construir um veículo de comunicação que aglutine as demandas específicas de cada uma.
Nos derradeiros anos o jornal foi publicado em caráter comemorativo pela passagem de 25 anos e depois pelas três décadas de existência da SDDH. Em 2008, novamente ele volta a circular. Desta vez, animado pela realização do Fórum Social Mundial (FSM), que ocorre em 2009, entre os dias 27 de janeiro a 01 de fevereiro, e tem Belém como sede mundial da pluralidade de debates sobre alternativas de desenvolvimento da sociedade contrárias à lógica do neoliberalismo.
O desejo da SDDH é o que o mesmo volte a circular de forma regular. Mas, isso ainda vai depender de debates internos, o primeiro já foi realizado no dia 26 e sinalizou para uma a construção de um plano de comunicação. Os méritos da publicação em defesa dos marginalizados da sociedade lhe rendeu por quatro vezes o prêmio nacional de defesa dos direitos humanos Wladimir Herzog.
No artigo de Paulo Roberto, que colaborou no jornal, encontram-se o registro das crises econômicas e políticas, os sujeitos que deram vida ao boletim, o debate sobre a pauta e elementos que resultaram no fim da publicação. A perseguição da Polícia Federal e as iniciativas coletivas de manutenção do jornal. Na obra de Bernardo Kucinski, Jornalistas e Revolucionários (1991), também há inflexões sobre o alternativo.
O boletim se constitui como um marco da comunicação considerada alternativa no Pará e circulou de forma regular entre 1978 a 1983. Como os pares enquadrados como alternativo ou popular não gozava de saúde financeira. No contexto histórico em que surgiu foi um aglutinador das forças populares que se reorganizavam em um mosaico de possibilidades: partidos políticos, movimentos sociais, ONG’s, sindicatos e segmentos da Igreja Católica inspirados da Teologia da Libertação.
Ferreira lembra que a primeira edição do boletim foi impressa na gráfica da Escola Salesiana do Trabalho. Paulo Rocha, deputado federal a vários mandatos no Pará pelo PT, era então o chefe da gráfica. Passadas três décadas o editor do Resistência, o advogado Luiz Maklouf Carvalho é hoje reconhecido e premiado jornalista no sul maravilha. Em 2006 foi o terceiro lugar no Prêmio Jabuti com o livro reportagem, “Já vi este filme”, que aborda deslizes éticos da trajetória do presidente Lula e do PT.
O Resistência configura-se na história recente da sociedade paraense como importante registro do avanço do capital sobre a fronteira da Amazônia. O jornal é uma fonte inestimável sobre o abuso do poder econômico e político, que engendrou no Pará, tendo o Estado como indutor, mazelas como o massacre de camponeses, destruição da floresta, grilagens de terras, hipertrofia do poder político e econômico de um segmento da sociedade. Além do Resistência no Pará, merecem registro na área de impressos os boletins Lamparina, produzido em Santarém, oeste do Estado e o Grito da PA-150, editado na região Marabá, a sudeste.
Nele também podem ser encontrados inúmeros momentos de organização dos trabalhadores do campo e da cidade, mobilizações contrárias aos grandes projetos, como o Grande Carajás. E na cena urbana de Belém a luta meia passagem. Em uma das capas enfoca o Tribunal da Terra, realizado em 1986, uma forma simbólica de pressionar o Estado contra as mortes de dirigentes sindicais do campo. Não são raros questionamentos sobre o cenário político, que aborda atuações de Alacid Nunes e Aloysio Chaves e mesmo apoio ao candidato a governo Jader Barbalho.
O escrete do Resistência, segundo Ferreira, tinha João Marques, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará, foi um dos fundadores do Resistência. E na condição também de advogado, defendia as lideranças comunitárias que lutavam pelo direito de morar na periferia de Belém. Raimundo José Pinto, Paulo Roberto Ferreira, Nélio Palheta, Sérgio Palmquist, João Vital, Agenor Garcia, Rosaly Brito, Regina Lima, Ana Célia Pinheiro, José Rangel, Sérgio Bastos e Pedro Estevam da Rocha Pomar (que usava o codinome Marcos Soares), entre outros jornalistas que atuavam na grande imprensa, escreviam regularmente ou colaboravam eventualmente com o jornal. Em São Luís, o correspondente era Walter Rodrigues. Em São Paulo, Benedito Carvalho. Lúcio Flávio Pinto escrevia artigos especiais. Outros nomes povoam a vida do Resistência, como o do jornalista Raimundo Jinkings, o fotógrafo Miguel Chikaoka, o do cineasta Januário Guedes, Humberto Cunha, Hecilda Cunha, Daniel Veiga e Paulo Fonteles, entre tantos. .
Além da periferia de Belém o boletim circulava na Transamazônica graças ao empenho da missionária assassinada em 2005, Doroth Stang. No sudeste do Pará o casal Ademir e Beta Martins animavam a distribuição do boletim na região de Marabá.
Desde que deixou de circular devido a questões que passam por divergência política, crise financeira, - que sempre norteou tal modalidade de iniciativa, - as organizações consideradas do campo democrático não conseguiram construir um veículo de comunicação que aglutine as demandas específicas de cada uma.
Nos derradeiros anos o jornal foi publicado em caráter comemorativo pela passagem de 25 anos e depois pelas três décadas de existência da SDDH. Em 2008, novamente ele volta a circular. Desta vez, animado pela realização do Fórum Social Mundial (FSM), que ocorre em 2009, entre os dias 27 de janeiro a 01 de fevereiro, e tem Belém como sede mundial da pluralidade de debates sobre alternativas de desenvolvimento da sociedade contrárias à lógica do neoliberalismo.
O desejo da SDDH é o que o mesmo volte a circular de forma regular. Mas, isso ainda vai depender de debates internos, o primeiro já foi realizado no dia 26 e sinalizou para uma a construção de um plano de comunicação. Os méritos da publicação em defesa dos marginalizados da sociedade lhe rendeu por quatro vezes o prêmio nacional de defesa dos direitos humanos Wladimir Herzog.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Ourilândia do Norte
MANIFESTAÇÃO EM OURILÂNDIA
Durante os dias 22, 23 e 24 de setembro, 150 trabalhadores e trabalhadoras rurais(adultos) mais 30 jovens e crianças, participara de uma manifestação se contrapondo contra as mazelas da mineração que vem sendo praticada pela Companhia Vale do Rio Doce – Vale, com a exploração de duas minas de Níquel nos municípios de Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Parauapebas, no sul do Pará.
Os manifestantes bloquearam a estrada vicinal do Lico, antiga vicinal do jipe, que atravessa o projeto de assentamento Tucumã e dar acesso ao local onde a empresa está implantando infra-estruturas para possibilitar o inicio de lavra da serra Onça prevista para o inicio de 2009, inviabilizando a passagem de ônibus com operários e de caminhões com materiais.
Os(as) trabalhadores(as) são dos projetos de assentamento Campos Altos e Tucumã, incluindo a colônia Santa Rita, criados pelo INCRA a partir de meados da década de 90, representados pos suas associações: Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Bom Jesus; Associação dos Lavradores da Colônia Santa Rita e Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Campos Altos.
A manifestação contou com apoio externo da CPT-Comissão Pastoral da Terra, MPA-Movimento dos Pequenos Agricultores, MST-Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, CEPASP-Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular e do SINTEPP-Sindicato dos Trababalhadores da Educação Pública do Pará, Subsede de Ourilândia do Norte.
No dia 24 houve uma reunião, no local da manifestação, com o superintendente adjunto da SR-27, do INCRA, ficando acertado uma outra reunião para o dia 1º de outubro, em Ourilândia para tratar sobre: a área desafetada pelo INCRA e a outra área que a empresa já apresentou pedido de desafetação, com o INCRA apresentado seus respectivos mapas, e com a presença da equipe do INCRA que está trabalhando no PA’s para demarcar a área desafetada; tratar sobre a metodologia de avaliação das benfeitorias das áreas dos agricultores que forem desafetadas, considerando os prejuízos que os agricultores vem sofrendo:econômicos e morais. Os agricultores reivindicam serem ouvidos sobre a desafetação de novas áreas.
Nos dias 23 e 24 ocorreram duas reuniões com representantes da empresas, na primeira, uma comissão representando os agricultores, apresentou uma pauta a ser discutida com a diretoria da empresa. Os representantes da empresa concordaram em contactar com a diretoria para acertar uma data para a reunião, com a presença de representantes da empresa de diversas áreas que exige a pauta e que tenham poder de decisão.
Na segunda reunião, dia 24, um representante da empresa apresentou a proposta da reunião para o dia 09 de outubro. Como os agricultores haviam exigido que o compromisso deveria ser selado por escrito, a empresa apresentou um documento que tem como teor um convite da empresa às associações para uma reunião para conhecerem o projeto da empresa.
Na discussão ficou acertado que a reunião terá como objetivo: a apresentação do projeto da empresa e a discussão da pauta dos agricultores. Para tanto ficou acertado de que uma comissão dos agricultores juntamente com representantes da empresa seria os responsáveis para organizarem a dinâmica da reunião.
Após feito o acordo, com a presença de todos que se encontravam no local da manifestação, foi feita uma avaliação e encaminhamentos para a reunião e após a reunião. Caso não sejam atendidas as exigências que constam na pauta, outras ocupações serão feitas.
A Pauta propõe discutir:
1. O projeto de mineração, principalmente as questões que atingem diretamente as famílias:
a) qual a área total pretendida pela empresa, além da área desafetada;
b) a construção de barragens dentro dos projetos de assentamento;
c) o projeto da estrada que fará a ligação entre as duas serras;
d) o projeto de disposição e do sistema de controle da escória;
2. a manutenção das águas que garantirão a existência dos córregos que atravessam os PA’s;
3. o resgate e relocação dos animais que existem nas serras;
4. a manutenção do transporte de passageiros;
5. a construção de escolas que possam atender os estudantes dos PA’s, considerando as especificidades por região;
6. a construção e estruturação de postos de saúde, com equipamentos e atendimento médico permanente, para prevenção de doenças que possam ser causadas durante os anos de lavra;
7. pagamento da renda pelo uso de lotes para pesquisa, daquelas famílias que não foi feito;
8. definir diretrizes de indenização e relocação das famílias que serão atingidas pela mineração durante o desenvolvimento do projeto;
9. fechar um compromisso de que a partir de agora qualquer discussão a ser feita com famílias de agricultores dos projetos de assentamento que passe pelas associações.
A avaliação feita pelos agricultores é que a manifestação foi coberta de êxitos, porque durante cinco anos que a empresa vem desrespeitando os direitos das famílias, manipulando a consciência de todos, fazendo valer apenas seus interesses, nunca eles se manifestaram de forma organizada para fazer a empresa pelo menos aceitar a discutir uma pauta.
Marabá, 29 de setembro de 2008.
Durante os dias 22, 23 e 24 de setembro, 150 trabalhadores e trabalhadoras rurais(adultos) mais 30 jovens e crianças, participara de uma manifestação se contrapondo contra as mazelas da mineração que vem sendo praticada pela Companhia Vale do Rio Doce – Vale, com a exploração de duas minas de Níquel nos municípios de Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Parauapebas, no sul do Pará.
Os manifestantes bloquearam a estrada vicinal do Lico, antiga vicinal do jipe, que atravessa o projeto de assentamento Tucumã e dar acesso ao local onde a empresa está implantando infra-estruturas para possibilitar o inicio de lavra da serra Onça prevista para o inicio de 2009, inviabilizando a passagem de ônibus com operários e de caminhões com materiais.
Os(as) trabalhadores(as) são dos projetos de assentamento Campos Altos e Tucumã, incluindo a colônia Santa Rita, criados pelo INCRA a partir de meados da década de 90, representados pos suas associações: Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Bom Jesus; Associação dos Lavradores da Colônia Santa Rita e Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Campos Altos.
A manifestação contou com apoio externo da CPT-Comissão Pastoral da Terra, MPA-Movimento dos Pequenos Agricultores, MST-Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, CEPASP-Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular e do SINTEPP-Sindicato dos Trababalhadores da Educação Pública do Pará, Subsede de Ourilândia do Norte.
No dia 24 houve uma reunião, no local da manifestação, com o superintendente adjunto da SR-27, do INCRA, ficando acertado uma outra reunião para o dia 1º de outubro, em Ourilândia para tratar sobre: a área desafetada pelo INCRA e a outra área que a empresa já apresentou pedido de desafetação, com o INCRA apresentado seus respectivos mapas, e com a presença da equipe do INCRA que está trabalhando no PA’s para demarcar a área desafetada; tratar sobre a metodologia de avaliação das benfeitorias das áreas dos agricultores que forem desafetadas, considerando os prejuízos que os agricultores vem sofrendo:econômicos e morais. Os agricultores reivindicam serem ouvidos sobre a desafetação de novas áreas.
Nos dias 23 e 24 ocorreram duas reuniões com representantes da empresas, na primeira, uma comissão representando os agricultores, apresentou uma pauta a ser discutida com a diretoria da empresa. Os representantes da empresa concordaram em contactar com a diretoria para acertar uma data para a reunião, com a presença de representantes da empresa de diversas áreas que exige a pauta e que tenham poder de decisão.
Na segunda reunião, dia 24, um representante da empresa apresentou a proposta da reunião para o dia 09 de outubro. Como os agricultores haviam exigido que o compromisso deveria ser selado por escrito, a empresa apresentou um documento que tem como teor um convite da empresa às associações para uma reunião para conhecerem o projeto da empresa.
Na discussão ficou acertado que a reunião terá como objetivo: a apresentação do projeto da empresa e a discussão da pauta dos agricultores. Para tanto ficou acertado de que uma comissão dos agricultores juntamente com representantes da empresa seria os responsáveis para organizarem a dinâmica da reunião.
Após feito o acordo, com a presença de todos que se encontravam no local da manifestação, foi feita uma avaliação e encaminhamentos para a reunião e após a reunião. Caso não sejam atendidas as exigências que constam na pauta, outras ocupações serão feitas.
A Pauta propõe discutir:
1. O projeto de mineração, principalmente as questões que atingem diretamente as famílias:
a) qual a área total pretendida pela empresa, além da área desafetada;
b) a construção de barragens dentro dos projetos de assentamento;
c) o projeto da estrada que fará a ligação entre as duas serras;
d) o projeto de disposição e do sistema de controle da escória;
2. a manutenção das águas que garantirão a existência dos córregos que atravessam os PA’s;
3. o resgate e relocação dos animais que existem nas serras;
4. a manutenção do transporte de passageiros;
5. a construção de escolas que possam atender os estudantes dos PA’s, considerando as especificidades por região;
6. a construção e estruturação de postos de saúde, com equipamentos e atendimento médico permanente, para prevenção de doenças que possam ser causadas durante os anos de lavra;
7. pagamento da renda pelo uso de lotes para pesquisa, daquelas famílias que não foi feito;
8. definir diretrizes de indenização e relocação das famílias que serão atingidas pela mineração durante o desenvolvimento do projeto;
9. fechar um compromisso de que a partir de agora qualquer discussão a ser feita com famílias de agricultores dos projetos de assentamento que passe pelas associações.
A avaliação feita pelos agricultores é que a manifestação foi coberta de êxitos, porque durante cinco anos que a empresa vem desrespeitando os direitos das famílias, manipulando a consciência de todos, fazendo valer apenas seus interesses, nunca eles se manifestaram de forma organizada para fazer a empresa pelo menos aceitar a discutir uma pauta.
Marabá, 29 de setembro de 2008.