segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

GRUPO DE TEATRO DE AÇAILÂNDIA (MA) DENUNCIA TRABALHO ESCRAVO EM TURNÊ NA ESPANHA




Um grupo de 36 adolescentes e jovens do município de Açailândia, oeste do Maranhão vai participar de uma turnê pela Espanha com o espetáculo de teatro e música intitulado “Quilombagem”.

O grupo é ligado ao Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, Maranhão (CDVDH). O espetáculo denuncia as condições de super-exploração de trabalho que passam milhares de brasileiros em pleno século 21.

O oeste do Maranhão é marcado pela implantação de grandes projetos, como o pólo de produção de ferro gusa. Os dados recentes do IBAMA indicam que Açailândia encontra-se entre os municípios com maior índice de desmatamento. A produção de carvão vegetal é a principal atividade onde os trabalhadores são escravizados no oeste do Maranhão.

A gênese do grupo se encontra na década de 1990, e tem como metodologia o Teatro do Oprimido. O objetivo inicial do grupo é que através da arte os jovens se mobilizassem para o conhecimento de seus direitos.

Quilombagem
Neste contexto, o espetáculo Quilombagem trata-se de um musical que recupera o sentido da luta contra a escravatura como um movimento no qual se incluem não apenas os negros fugitivos, mas também índios, mulatos, cafuzos, brasileiros, nordestinos, pobres e marginalizados, que tentam sobreviver às margens dos grandes projetos de desenvolvimento e pagam um alto preço pela ganância de empresários, coronéis e latifundiários.

De criação coletiva, o espetáculo é composto de poesias, dança, capoeira e meios audiovisuais. Obra em dois atos, frisa as semelhanças da escravidão colonial e a escravidão contemporânea, contextualizando a luta do povo pela sua libertação.

Compõem o elenco: 17 dançarinos; 12 capoeiristas, sendo 3 deles percussionistas, 7 atores, sendo 1 diretor de arte; 1 coreógrafo, 1 contra-regra, 2 figurinistas; 1 sonoplasta, 1 iluminador e 1 coordenadora geral. “Esperamos que fora do Brasil as pessoas possam entender essa mensagem e somar-se a nós nessa luta em defesa da vida e dos direitos humanos. Abram alas que queremos passar!, afirma Terezinha.”

Sobre o CDVDH – Açailândia – MA

O Centro de Defesa de Açailândia, além de fazer o trabalho de denúncia, realiza projetos de recuperação de crianças, adolescentes, jovens e adultos em situação de risco, valorizando a cultura popular e transformando-os em cidadãos conscientes de sua capacidade de transformar a realidade.

São mais de 5.000 crianças que, nestes anos, passaram pelo CDVDH de Açailândia e realizaram atividades de dança, teatro, capoeira e comunicação social e interiorizaram informação e formação sobre temáticas sociais, construindo um olhar crítico sobre o mundo.

Atualmente, as mesmas crianças e adolescentes que chegaram à entidade há mais de 10 anos se tornaram os jovens artistas capazes de colocar a arte a serviço de uma cultura libertadora. Com o apoio de profissionais e a assessoria de companhias brasileiras de teatro que comungam da mesma ideologia, os jovens artistas maranhenses participam de um processo coletivo de criação de espetáculos de alto nível e, em alguns casos, já conseguem viver, eles e suas famílias, do trabalho artístico e social que realizam.


ROTEIRO DE APRESENTAÇÕES:
ASTURIAS
Dia 08/12 – Teatro Filarmônica – Oviedo
Dia 09/12 – Teatro Jovellanos – Gijón
Dia 10/12 – Auditório de Mieres – Mieres
GALICIA
Dia 11/12 – Teatro Rosalía de Castro – A Coruña
Dia 13/12 – Santiago de Compostela
Dia 14/12 – Auditório Gustavo Freire – Lugo
ANDALUCÍA
Dia 16/12 – Teatro Lope de Vega – Sevilla
CATALUÑA
Dia 19/12 – Centre Artesá Tradicionárius – Barcelona
MADRI
Dia 21/12 – Teatro Colégio Maristas de Chamberí - Madri
Mais informações sobre o espetáculo: www.cdvdhacai.org.br
Enviado por Vanusia Gonçalves- CDVDH de Açailândia

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